11 novembro 2012

Dormir pouco, engorda

Faz tempo que os estudos mostram que pessoas com privação de sono têm tendência maior a desenvolver diabetes e apresentam mais dificuldade para perder peso. Uma pesquisa feita na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, mostrou que a gordura “cansada”, depois de poucas horas de sono, é menos sensível à insulina, favorecendo a diabetes e o acúmulo de mais gordura.


Foram analisadas células de gordura retiradas da barriga de sete adultos depois de quatro noites de oito horas e meia de sono. Outra amostra foi colhida depois de quatro noites de quatro horas e meia de sono. A privação de sono fez com que as células se tornassem em média 30% menos responsivas à insulina – hormônio que faz as células do músculo, fígado e gordura absorverem glicose depois da refeição. Se essa glicose não é absorvida, fica circulando no sangue e pode levar à diabetes. Além disso, células de gordura secretam o hormônio leptina, ligado à regulação de apetite. Privação de sono pode levar ao mau funcionamento desse mecanismo, favorecendo o ganho de peso.

                                        

"Demonstramos que uma redução do sono diminui a retenção do hormônio leptina - limitador do apetite - e aumenta a da grelina - que dá sensação de fome", afirma a doutora em neurociência do IFN Karine Spiegel, no relatório.

Desta forma, as pessoas que não dormem bem sofrem um aumento de 24% no apetite, especialmente de alimentos ricos em gorduras e açúcares. Spiegel destaca que, devido ao cansaço, esses pacientes diminuem significativamente seu nível de atividade física, praticamente anulando o gasto de energia e desequilibrando a balança energética, já que contam com mais horas disponíveis para comer.


Cerca de 45% das pessoas entre 25 e 45 anos afirmam não dormir o suficiente, e 17% acumulam sono crônico, segundo um estudo publicado em março pelo Instituto Nacional de Prevenção e Educação para a Saúde (Inpes) da França.

A falta de sono desencadeia "verdadeiras epidemias de obesidade", e inclusive, doenças metabólicas como o diabetes, segundo Spiegel. Por isso, a especialista acredita ser "pertinente" acrescentar nas prescrições de regime para pacientes obesos conselhos de comportamento relativos ao sono.

O professor de psicologia do IFN Patrick Lévy afirma que a obesidade tem relação direta com a síndrome da apnéia obstrutiva do sono, caracterizada pelas repetidas interrupções da respiração durante o sono.

Essa síndrome é provocada pela acumulação de gordura na região do pescoço, impedindo a passagem do ar pela faringe em direção aos pulmões. Lévy diz que nos obesos pode-se observar uma "resistência à leptina", ainda mais notável no caso dos pacientes com apnéia, o que explicaria o risco destas pessoas de adquirir doenças cardiovasculares.

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